Wednesday, May 30, 2012

A Caminho da Linguagem


Para celebrar o meu caminho com Heidegger resolvi, pelo prazer de digerir este texto misteriosamente poético, traduzir do inglês uma passagem do Way to Language (Unterwegs zur Sprache):

"A linguagem é um monólogo. Isto tem um duplo sentido: é a linguagem apenas que propriamente fala e, a linguagem fala em solidão. No entanto, só alguém que não está sozinho pode ser solitário; não está sozinho, isto é, não está separado, não está isolado, não está desprovido de toda a afinidade. Pelo contrário, precisamente na solidão é que se desenrola essencialmente a falta daquilo que há em comum, como a relação mais vinculativa com aquilo que há em comum. (...)

O dizer, que mostra, abre o caminho a’ linguagem para o falar dos seres humanos. O dizer precisa de ressoar na palavra. No entanto, o homem só é capaz de falar escutando o dizer, pertencendo a ele; só através da reiteração é o homem capaz de dizer a palavra. Esta necessidade e reiteração repousam na falta mencionada acima, que não é nem mera limitação, nem algo de negativo.

Nós, seres humanos, para sermos quem somos, permanecemos na essência da linguagem. Nós não podemos, portanto, sair dela para olhar circunspectamente de outra posição alternativa. Por causa disto, nós vislumbramos a essência da linguagem só na medida em que nós mesmos somos olhados por ela, apropriados por ela. O facto de que nós não podemos conhecer a essência da linguagem (...) é uma vantagem através da qual avançamos para um campo excepcional em que nós habitamos como mortais: esses que são necessários e usados para o falar da linguagem."


As duas frases novas na parede do quarto:
Os faladores pertencem ao falar, mas não como causa/efeito.
Aquilo que é falado nunca é aquilo que é dito.

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