Para celebrar o
meu caminho com Heidegger resolvi, pelo prazer de digerir este texto misteriosamente poético,
traduzir do inglês uma passagem do Way to Language (Unterwegs zur Sprache):
"A linguagem é um monólogo. Isto tem um duplo sentido: é a linguagem
apenas que propriamente fala e, a linguagem fala em solidão. No entanto, só alguém que não está sozinho pode ser
solitário; não está sozinho, isto é, não está separado, não está isolado, não
está desprovido de toda a afinidade. Pelo contrário, precisamente na solidão é que se desenrola essencialmente
a falta daquilo que há em comum, como a relação mais vinculativa com aquilo
que há em comum. (...)
O dizer, que
mostra, abre o caminho a’ linguagem para o falar dos seres humanos. O dizer precisa
de ressoar na palavra. No entanto, o homem só é capaz de falar escutando o
dizer, pertencendo a ele; só através da
reiteração é o homem capaz de dizer a palavra. Esta necessidade e
reiteração repousam na falta mencionada acima, que não é nem mera limitação, nem
algo de negativo.
Nós, seres
humanos, para sermos quem somos, permanecemos na essência da linguagem. Nós não
podemos, portanto, sair dela para olhar circunspectamente de outra posição
alternativa. Por causa disto, nós vislumbramos
a essência da linguagem só na medida em que nós mesmos somos olhados por ela, apropriados
por ela. O facto de que nós não podemos conhecer a essência da linguagem (...)
é uma vantagem através da qual avançamos para um campo excepcional em que nós habitamos
como mortais: esses que são necessários
e usados para o falar da linguagem."
As duas frases
novas na parede do quarto:
Os faladores pertencem
ao falar, mas não como causa/efeito.
Aquilo que é
falado nunca é aquilo que é dito.
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