Sunday, August 12, 2012

A Emília dos Traços - pontos e Vírgulas,

Dickinson sempre foi para mim, e não sei porquê, o Pessanha na América. Dickinson abre o espaço entre o branco-da-página/preto-da-letra e o abstracto mundo da poesia, que existe só, claro, no meu cérebro, como uma flor ou um funeral. Mas nunca sendo a própria coisa. Sendo sempre um vago rasgo (ou traço!) na direcção das coisas. E não diz Heidegger que a Poesia é o mais _eficaz_ traço ou rasgo ou caminho entre nós e as coisas?

(tradução minha, em cuja experiência encontrei uma palavra portuguesa nova: carpideira; carpir quer dizer chorar; ver vídeo em baixo).
Senti um funeral no meu cérebro,
E carpideiras, de e pra,
Iam pisando, pisando, até que pareceu
Que o sentido estava a aparecer.

E quando todos estavam sentados,
Uma missa como um tambor
Ia batendo, batendo, até que pensei
Que a minha mente ia entorpecer.

E depois ouvi-os levantar uma Caixa
E ranger através da minha Alma
Com aquelas mesmas Botas de Chumbo, outra vez,
Depois o Espaço - começou a badalar,

Como se os céus fossem um sino,
E o Ser só um ouvido,
E eu e o silêncio uma estranha raça,
Destroçados, solitários, aqui.

E depois uma tábua na razão, partiu,
E eu cai abaixo e abaixo--
E batia num mundo a cada imersão,
E acabei sabendo--então--
I felt a funeral in my brain,
And mourners, to and fro,
Kept treading, treading, till it seemed
That sense was breaking through.

And when they all were seated,
A service like a drum
Kept beating, beating, till I thought 
My mind was going numb.

And then I heard them lift a Box
And creak across my Soul
With those same Boots of Lead, again,
Then Space – began to toll,

As all the heavens were a bell,
And Being but an ear,
And I and silence some strange race, 
Wrecked, solitary, here.

And then a plank in reason, broke,
And I dropped down and down--
And hit a world at every plunge,
And finished knowing--then--


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