Tuesday, December 4, 2012

Antonin Artaud - Três Dimensões


Teatro - Perigo e Realidade
A dimensão mais conhecida de Artaud é a do seu inicio de carreira, do homem do "Teatro da Crueldade". O teatro da crueldade é um teatro onde vais com medo, não porque vão acontecer coisas horriveis ou vais ver coisas nunca antes vistas (que tambem pode suceder), mas porque neste teatro, não vão haver representacões, neste teatro as coisas vão acontecer mesmo. As duas palavras chaves para este teatro: perigo e realidade. Porquê mentir?

Loucura - Fecalidade e Moralidade
Em 1947, jà depois de ter vivido com Indios mexicanos e ter passado vários anos num asilo psiquiátrico, Artaud produz um programa de rádio que não chegou a ser transmitido (censura). Na peca com titulo "Para acabar com o julgamento de Deus" ("pour en finir..." tem uma sonoridade muito especifica), Artaud fala rapidamente de "productos americanos", da "Russia de Stalin", do Peyote dos Tarahumaras e acaba na seccãintitulada: "Em busca da fecalidade" ("à la recherche de la fecalité") onde escreve e lê (grita) ao microfone:

Là ou ça sent la merde, ça sent l'être ("Onde cheira a merda, cheira a ser") [a gravacao]

Letras - Poeta Separado
Mas Artaud nãé so' gritaria, Artaud é um homem de letras. Se Pessoa foi o dividido, Artaud era o separado. Separado do mundo, dos outros, mas principalmente, de si.

         "La Danse du peyotl: (...) ce cataclysme qui était mon corps… Après vingt-huit jours d’attente, je n’étais pas encore rentré en moi ; – il faudrait dire : sorti en moi. En moi, dans cet assemblage disloqué, ce morceau de géologie avariée."
         "A danca do peyote" (...) este cataclismo que era meu corpo.. Após vinte e oito dias de espera, ainda não tinha voltado a mim – ou melhor dizendo, saído até mim. Até mim, esta montagem deslocada, este pedaço de geologia avariada."

A versão inglesa de "sorti en moi" é talvez a melhor: "gone out into myself".

Conclusão
Artaud representa o perigo nas letras. Artaud é uma chaga do sangue que nelas corre. Ou a memória do sangue que não escorre nas letras dos outros que escrevem. Auto retrato:


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